Recebido por Lula, Macron exalta sucesso da passagem de três dias pelo Brasil

França é o 3º maior investidor no Brasil. Nações fortaleceram relações e se comprometeram a ampliar a defesa do meio ambiente e combater as mudanças climáticas
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Recebido no Palácio do Planalto pelo presidente Luiz Inácio da Silva, nesta quinta-feira, 28 de março, o presidente da França, Emmanuel Macron, exaltou o sucesso da visita oficial que fez ao Brasil e agradeceu a forma como foi recebido no país, onde desembarcou na última terça-feira (26).

“Gostaria de agradecer sinceramente ao presidente Lula por esta visita de Estado, pelo convite e pela maravilhosa maneira como tudo foi organizado. Gostaria de dizer que toda a minha comitiva, e eu pessoalmente, nos sentimos imensamente honrados de estar aqui hoje ao seu lado, aqui neste lugar, nesta Praça dos Três Poderes, que foi atacada, que foi praticamente destruída, ou pelo menos gravemente atacada pelos inimigos da democracia”, afirmou Macron, referindo-se aos ataques de 8 de janeiro do ano passado.


“O diálogo entre nossos países representa uma ponte entre o Sul Global e o mundo desenvolvido, em favor da superação de desigualdades estruturais e de um planeta mais sustentável. O Brasil e a França estão decididos a trabalhar juntos para promover, pelo debate democrático, uma visão compartilhada de mundo”, disse Lula.


“Sempre estarei ao seu lado em todos os projetos ambiciosos que levar a cabo para o G20, para a COP e tudo o que nos espera nos próximos anos. A visita foi maravilhosa e as discussões foram excelentes”, prosseguiu o presidente francês.

A passagem por Brasília encerra uma agenda do presidente francês no Brasil que se destacou por sua presença em eventos em Belém (PA), Rio de Janeiro e São Paulo, e foi marcada, na capital, pela assinatura de diversos atos e acordos entre as duas nações A visita do presidente francês fortalece os laços históricos, políticos, culturais e econômicos e amplia a ação conjunta dos dois países, principalmente no que diz respeito a temas ligados ao meio ambiente e ao combate às mudanças climáticas.

Leia também: Brasil e França assinam 21 acordos em visita do presidente Emmanuel Macron

A França foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência brasileira, em 1825, o que demonstra os firmes laços entre as duas nações. Em junho de 2023, o presidente Lula visitou a França, por ocasião da Cúpula por um Novo Pacto de Financiamento Global, e Lula e Macron também se encontraram em dezembro do ano passado, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

“Dentre as potências tradicionais, nenhuma é mais próxima do Brasil do que a França. Dentre as potências emergentes, você me dirá (presidente Macron) se alguma é mais próxima da França que o Brasil”, afirmou o presidente Lula em seu discurso, durante declaração dos dois presidentes à imprensa.

Confira também
• Íntegra da declaração à imprensa do presidente Lula por ocasião da visita do presidente francês Emmanuel Macron
• Atos adotados por ocasião da visita ao Brasil do presidente da França

“O diálogo entre nossos países representa uma ponte entre o Sul Global e o mundo desenvolvido, em favor da superação de desigualdades estruturais e de um planeta mais sustentável. O Brasil e a França estão decididos a trabalhar juntos para promover, pelo debate democrático, uma visão compartilhada de mundo. Uma visão fundamentada na prioridade da produção sobre a finança improdutiva, da solidariedade sobre o egoísmo, da democracia sobre o totalitarismo, da sustentabilidade sobre a exploração predatória”, frisou o presidente brasileiro.

A França é o 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos. Em 2023, a corrente de comércio bilateral alcançou US$ 8,4 bilhões, com US$ 2,9 bilhões de exportações brasileiras.


“Sempre estarei ao seu lado em todos os projetos ambiciosos que levar a cabo para o G20, para a COP e tudo o que nos espera nos próximos anos. A visita foi maravilhosa e as discussões foram excelentes”, disse Macron


Honrarias

Emmanuel Macron foi recebido em Brasília com honras de chefe de Estado. Após desembarcar na Praça dos Três Poderes, o presidente francês acompanhou a execução, por parte da Orquestra Maré do Amanhã e do coro Madrigal de Brasília, da música A Chegada dos Candangos, terceiro movimento de Brasília: Sinfonia da Alvorada, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A música foi composta em 1959 para celebrar a inauguração da nova capital do Brasil.

Antes de subir a rampa do Palácio do Planalto e ser recebido pelo presidente Lula e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, o presidente francês, Macron passou em revista à tropa e depois, já na presença de Lula e Janja, ouviu a banda militar executar os hinos nacionais de Brasil e França. Ao chegar ao Palácio do Planalto, o presidente da França cumprimentou todos os ministros brasileiros e, então, seguiu para a reunião bilateral com o presidente Lula e, depois, para a solenidade de assinatura dos atos.

O presidente francês foi homenageado por Lula com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. A Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, originária da extinta Ordem Imperial do Cruzeiro, foi criada em 1932 para honrar cidadãos brasileiros e estrangeiros dignos do reconhecimento pela nação brasileira. O Grande Colar da Ordem, destinado exclusivamente a chefes de Estado, é a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.

Após ser condecorado, Macron homenageou a primeira-dama com a insígnia da Legião de Honra, no grau de Oficial. O presidente Lula já possui a insígnia mais elevada desta ordem. “Senhora Janja Lula da Silva, em nome da República Francesa, faço-a Oficial da Legião de Honra”. A ordem da Legião de Honra foi instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte para recompensar os méritos eminentes, militares ou civis, à nação francesa.

“Conseguimos, juntos, saborear essa Amazônia compartilhada na cidade de Belém. Ontem, pude discutir com o mundo econômico, mas também com o mundo cultural e intelectual em São Paulo. Ontem de manhã, pudemos ver a força de nossa cooperação em defesa no Rio de Janeiro, e hoje, ao seu lado, das discussões políticas e estratégicas”, ressaltou Emmanuel Macron, ao fazer um balanço de sua passagem pelo Brasil. Ao final do evento no Planalto, Macron seguiu para o Palácio Itamaraty, onde foi homenageado com um almoço oferecido pelo presidente Lula e por Janja.

Belém e Rio

A primeira parada de Emmanuel Macron no Brasil, na terça-feira, foi no Pará, onde o presidente francês entregou ao cacique Raoni Metuktire, na Ilha do Combu (uma das 39 ilhas que circundam a capital Belém), a Condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra . O presidente Lula e diversas autoridades acompanharam a homenagem, que se revestiu de grande significado para os povos indígenas brasileiros.

Instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte, a honraria é a maior condecoração oferecida pelo Governo da França e é concedida aos cidadãos franceses e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global. Durante a passagem por Belém, os presidentes Lula e Macron adotaram duas importantes declarações na área ambiental: o Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além; e o Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais .

Ainda na terça à noite, os dois presidentes embarcaram rumo ao Rio de Janeiro. Na manhã de quarta-feira (27/3), Lula e Macron participaram do batismo e lançamento ao mar do submarino “Tonelero” (S42) , no Complexo Naval de Itaguaí (RJ). A embarcação foi fabricada inteiramente no Brasil e integra o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), resultado da Parceria Estratégica Brasil-França, firmada em 2008, cujo orçamento gira em torno de R$ 40 bilhões.

SÃO PAULO — Ainda na quarta-feira (27/3), o presidente Macron seguiu para São Paulo, onde participou da abertura do Instituto Pasteur e do Fórum Econômico Brasil-França, que não acontecia desde 2019. O encontro teve como objetivo fortalecer a cooperação para aumentar o volume do intercâmbio comercial e de investimentos recíprocos. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, acompanhou o presidente Macron no evento.

Por: Palácio do Planalto

Foto: Ricardo Stuckert