Na noite da última terça-feira (09/08), grandes nomes da cultura amazônica se reuniram no palco do Teatro Amazonas (TA) no espetáculo “Lendas Amazônicas”, como Márcia Siqueira, David Assayag e Patrick Araújo, acompanhados da Orquestra de Violões do Amazonas (OVAM) e outros músicos convidados. Mesmo faltando cerca de 01 hora para o início da apresentação, ao longe, era possível observar a intensa movimentação no Largo de São Sebastião e a extensa fila que já estava formada em torno da famosa casa de ópera rosada.
Com a lotação máxima do Teatro Amazonas ocupada, o “Lendas Amazônicas” teve seu início com a fala do Maestro Davi Nunes, que nitidamente emocionado, cumprimentou sua família que estava presente, descreveu a emoção de vivenciar aquele momento e passou a batuta para Neil Armstrong, Maestro Adjunto e membro da OVAM há 21 anos.
“Esse espetáculo foi idealizado para ter este contraste, com arranjos adequados para formação orquestral, mas com as nossas toadas, com melodia e harmonia bem regional. Este momento é muito especial na minha trajetória, pois estou cercado de amigos que fazem parte da minha vida pessoal e profissional. Na Orquestra de Violões temos repertórios Clássicos, Eruditos, Bossa Nova, Chorinho, de Samba, mas o repertório da Toada sempre está presente. E hoje foi uma demonstração que isso é muito forte e que a gente precisa enfatizar a nossa cultura”, explica Neil Armstrong.
O espetáculo teve início com a bela voz de Márcia Siqueira cantando a emblemática toada “As Amazonas”, acompanhada da sincronia perfeita do Balé Folclórico do Amazonas (BFA). Uma melodia perfeita: “Conorí Cunhã Puiara a Rainha Icamiaba/ No coração dessa selva/ A flecha encravada/ As virgens do sol”/ Guerreiras Amazonas”.
Explicitamente, a noite era de homenagens a cantores, compositores e amigos de Neil Armstrong, fato que ficou ainda mais evidente quando Marcia Siqueira, acompanhada das sopranos da OVAM, Jessyca Paiva e Luziene Lins cantaram brilhantemente a toada de autoria do próprio maestro, em parceria com Hugo Levy e Silvio Camaleão “Divino Canto”, que faz referência a Lenda do Uirapuru.
Uma grande e emocionante homenagem foi feita ao saudoso Klinger Araújo, fato que levou o Maestro às lágrimas, e culminou na execução da toada “Coacy Beija-Flor”, pelo ovacionado Levantador de Toadas oficial do Boi Bumbá Caprichoso, Patrick Araújo.
Neil Armstrong, antes de David Assayag cantar “Amazonas Ayakamaé”, disse que aquele momento era uma homenagem a Ronaldo Barbosa, compositor da toada e ao eterno Arlindo Júnior, pois esta era uma música recorrente no repertório do “Pop da Selva”. Em seguida o artista entoou a toada “Mapinguari”, de Tony Medeiros, Inaldo Medeiros e Edval Machado.
Jéssica Paiva encantou o público com a toada “Amor de Iandê” e Luziene Lins, com “Denaquiê”. As artistas juntaram-se a Márcia Siqueira e David Assayag entoando a toada antológica do Boi Bumbá Garantido “Lenda do Guaraná”, de Geandro Pantoja e Demétrios Haidos.
Esse momento passa um filme em nossa mente. Passamos por momentos tristes nestes últimos dois anos de pandemia e hoje eu estou aqui vivo, cantando e contando histórias para você. E essa toada passa esse sentimento”, enfatiza emocionado David Assayag, entoando “Tamba Tajá”.
“É uma honra cantar ao lado de David Assayag, a lenda viva da Amazônia. Gostaria também de lembrar que este é um momento muito especial, pois comemoramos os 50 anos do querido Neil Armstrong com muita música, alegria e muita dança”, afirma Márcia Siqueira, que cantou “Dinahi”, deixando o público extasiado.
Em seguida, aclamado, Patrick Araújo retornou ao palco, descalço, de branco e de chapéu, representando o Boto, ao som da toada de Adriano Aguiar “A Festa do Boto”. O Encerramento apoteótico aconteceu ao som de “Boitatá”.
Devido ao grande público que não conseguiu acessar o Teatro Amazonas para assistir ao espetáculo e que permanecia na fila do lado externo, foi necessária uma nova Récita (uma segunda sessão).
Por www.culturaamazonica.com.br