Colapso em Manaus: senadores apontam contradições na fala de Pazuello

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), lembrou a Pazuello de um alerta sobre o iminente colapso, que teria sido feito ao então ministro no dia 7 de janeiro Fonte: Agência Senado
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A falta de oxigênio em Manaus (AM) no mês de janeiro foi um dos assuntos sobre o qual o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi mais confrontado pelos senadores na quarta-feira (19) na CPI da Pandemia. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ter em mãos um documento oficial do Ministério da Saúde que contrariava a versão dada pelo ex-ministro em seu depoimento. Aziz disse que, segundo o documento, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), teria alertado o Ministério já no dia 7 de janeiro a respeito da falta de oxigênio.

— Esse documento foi uma resposta do Ministério da Saúde a um deputado federal. Não sou eu que estou inventando — afirmou Aziz.

Pazuello havia dito que só tomou conhecimento dos riscos de desabastecimento de oxigênio na capital amazonense na noite de 10 de janeiro e que a falta de cilindros no estado teria durado apenas três dias. Para o ex-ministro, o socorro do governo federal a Manaus foi a “maior operação logística da história” e teve início tão logo o problema surgiu.

Ele também foi contestado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), o qual lembrou que a falta de oxigênio perdurou por mais de 20 dias. Braga lamentou a crise em Manaus e os 440 mil mortos por covid-19 no país.

— É preciso dizer ao povo brasileiro: não faltou oxigênio no Amazonas por apenas três dias, pelo amor de Deus. Ministro Pazuello, pelo amor de Deus. Faltou oxigênio na cidade de Manaus mais de 20 dias. É só ver o número de mortos. É só ver o desespero das pessoas tentando chegar ao oxigênio. Nós tivemos pico de morte no dia 30 de janeiro. Sabe quando chegou a carga de oxigênio que o senhor mandou do Ministério da Saúde para Manaus? Do dia 24 para o dia 25 — disse Eduardo Braga.

Avião

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) relatou que o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida, declarou em uma entrevista que a tese da imunidade do rebanho levou Manaus ao colapso. Em resposta à senadora, o ex-ministro disse não concordar com a  “imunidade de rebanho” pela transmissão do vírus.

Pazuello afirmou que teve uma conversa com o governo do estado no dia 7 de janeiro, mas negou que a falta de oxigênio tenha sido tratada na ocasião. Somente no dia 10, acrescentou o ex-ministro, o governo do Amazonas o informou da falta de oxigênio. Ao responder Eliziane, ele ainda negou que tenha chegado ao Ministério uma oferta oficial de oxigênio por parte dos Estados Unidos.

— Nunca me chegou essa oferta para que eu aceitasse ou não. Eu tenho a informação – isto é só um dado; eu não tenho como confirmá-la – de que a oferta nunca foi de doação de avião para nós, porque, obviamente, aquilo teria que ser contratado de alguma forma oficial. Isso, eu não tenho esse dado para lhe garantir. Agora, dependendo de nós, eu queria avião de qualquer lugar — continuou Pazuello.

Ao ouvir o ex-ministro dizer que não teria recebido oficialmente informação sobre o avião colocado à disposição pelo governo dos Estados Unidos para transportar cilindros de oxigênio até Manaus, Eliziane Gama apresentou documento do próprio Ministério da Saúde tratando da oferta do uso do avião norte-americano. Em seguida, Pazuello, que apesar do habeas corpus preventivo havia garantido pela manhã que responderia a todas as perguntas, recebeu orientação do representante da Advocacia-Geral da União (AGU) para que mantivesse silêncio sobre o assunto, que é objeto de inquérito.

Ainda sobre a data em que tomou conhecimento da falta de oxigênio, Pazuello foi perguntado por Humberto Costa (PT-PE) sobre um email da empresa White Martins, do dia 8 de janeiro, que teria informado ao Ministério da Saúde sobre o problema. O general garantiu que a informação sobre esse email estava equivocada.

— Isso causou toda essa confusão, foi na leitura do email que a White Martins mandou. Esse email, eu também tenho aqui, eu vou lhe passar, foi mandado para a Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas.

Mais cedo, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse ser fundamental que o governador do Amazonas, Wilson Lima, também seja convocado para prestar esclarecimentos à CPI.

Suspensão

A reunião da CPI foi suspensa pouco depois das 16h para a ordem do dia em Plenário. Nesse intervalo, Pazuello teve um mal-estar, tendo sido socorrido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Em razão disso, o presidente da CPI, Omar Aziz, anunciou que o depoimento do ex-ministro será retomado nesta quinta-feira (20) às 9h30. Segundo Aziz, ainda há 23 senadores inscritos para fazer perguntas ao ex-ministro Pazuello.

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